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INTRODUÇÃO
Vários historiadores divergem sobre quando se
iniciaram as Cruzadas. Um breve prólogo sobre o que
aconteceu antes é necessário para entender este
movimento.
O IMPÉRIO BIZÃNTINO
Nas proximidades de Roma as pressões eram muitas e os imperadores optavam por sedes de governo em áreas mais distantes.
Assim o imperador romano Constantino decidiu criar sobre a antiga cidade de Bizâncio, na Grécia, a nova capital do império Romano, sob a égide Cristã.
A cidade levou o nome de Constantinopla.
O Império Romano, por volta de 395, foi sucedido pelo Império Bizântino, localizado no sudeste europeu.
Dominando o Mar Mediterraneo e as cidades costeiras, desde Marrocos e Cartago,
na Africa, ao Sul da França, da Itália, da Grécia e o Oriente.
Até o século VII a nação bizancia dominou a Asia Menor com connquistas árabes e lombardas.
Os maiores problemas eram manter a ordem na face norte, com a Pérsia e as terras às margens do Danúbio.
Com a morte de Maomé em 632, os exércitos árabes lançaram-se com mais afinco em lutas pelas áreas bizantinas e persas.
Assim tomaram a Síria, a Palestina, o Egito, o norte da Africa e confinaram os bizantinos em Constantinopla.
Ampliando o Império Muçulmano os arábes conquistaram a Península Ibérica,
o Sul da Itália, a França e parte da India.
No século X os turcos seljúcidas, grupos mercenários convertidos ao Islão, decidem construir seus domínios e esmagam as forças bizantinas conquistando Anatólia, em 1071 e Jerusalém, em 1078.
Com a perda da Terra Santa o Império Bizântino têm dificuldades em manter-se. Os cristãos do Ocidente percebem pois há um cerceamento aos peregrinos à Jerusalem. O Papa Urbano II é pressionado e convoca o
Concílio de Clermont, em 1095, onde a pauta principal é a perda da soberania Cristã. O povo é exortado a defender a Terra Santa e forma tropas que partem para Jerusalém. Em suas vestes ostentam uma cruz
vermelha, daí o nome "CRUZADAS".
Considera-se de 330 a 1453 a duração do Império Bizântino.
Elaborado em 1911 - The Historical Atlas - William R Shepherd
CRONOLOGIA DAS CRUZADAS - 1073 a 1318
1073 pode ser considerado o início das Cruzadas. Com a eleição de Grégoire VII foi efetivada a reforma da Igreja restaurando-se o "espírito religioso e a disciplina" da Igreja Romana.
1095 - Aleixo I Comneno, imperador bizantino, envia uma
embaixada ao papa Urbano II, para lhe pedir ajuda. Na primavera deste mesmo
ano o papa Urbano II inicia uma viagem a França. Em 18 de Novembro abre o Concílio de Clermont.
Em
26.11.1095 o Papa Urbano II, no Concílio de Clermont, incluiu entre suas decisões a de conceder o perdão de todos os pecados aos que fossem ao Oriente para defender os peregrinos, em suas viagens a Jerusalém, contra
os "pagãos", em sua maioria muçulmanos. Assim o Papa não só mudou o foco bélico constituíndo um grande exército, ao tempo que deu uma trégua nas forças que se batiam em lutas internas perturbando a paz na Europa. A
idéia de salvação para quem combatia os muçulmanos na Itália já fora utilizada no século IX, mas agora era uma situação excepcional.
CRUZADA POPULAR
1096 - CRUZADA POPULAR, também denominada CRUZADA DOS MENDIGOS.
Em abril de 1096 foi dada a partida da Cruzada que reuniu peregrinos, homens, mulheres e crianças
dirigidos por Pedro, o Eremita, e orientados pelo guerreiro Gautier Sans Avoir (Galtério Sem Bens) e marchou da Alemanha, Hungria e Bulgária em direção a Terra Santa. No caminho vão causando
desordens e desacatos. Na Renânia (Vale do Rio
Reno) massacraram os judeus e suas cidades, barbara e indiscriminadamente, em nome da Igreja. As principais cidades que sofreram no início da derrocada foram Colônia e Trier, na Alemanha.
A 06.07.1096 no Concílio de Nimes Urbano II confia a Raimundo de
Saint-Gilles o comando de uma das expedições à Terra Santa. Em 01.08.1096 chegam a Constantinopla.
Mapa Europe and the Mediterranean Lands - about 1097
1ª - CRUZADA
1096 - 1099 - CRUZADA DOS NOBRES, dos CAVALEIROS ou dos BARÕES.
Muitos historiadores consideram esta como a 1ª e o início efetivo do
movimento das Cruzadas, tanto pelos recursos utilizados como pelos
êxitos alcançados. Nenhum Rei participou.
O grito "Deus o quer" logo propagou-se pela Europa e numerosos europeus
de todas as camadas sociais vestiram o uniforme que ostentava uma grande
cruz. Muitos hipotecaram seus bens para obter armas e dinheiro para
financiar o exército.
Gottfrid af Bouillon
No verão de 1096 partem para Jerusalém a Cruzada dos barões,
com Godofredo de Bulhão (descendente de Carlos
Magno), Raimundo IV -conde de Toulouse, Boemundo de Tarento, Estêvão
- conde de Blois, Tancredo de Hauteville e Roberto II
- conde da Flandres. O imperador alemão, Henrique IV,
e o rei de França, Filipe I, estando excomungados, não puderam dirigir a
Cruzada.
Em 21.10.1096 a Cruzada Popular é aniquilada pelas tropas turcas e búlgaras do sultão de Niceia, Kilij
Arslan, na Anatólia. Pedro, o Eremita escapa ao
massacre e foge para Constantinopla.
Em 23.12.1096 Godofredo de Bulhão chega a Constantinopla.
Aleixo, o
imperador de Bizâncio, exige, e obtém, após muitas recusas, a promessa de
restituição das terras e das cidades retomadas aos muçulmanos, e a aceitação
da sua soberania sobre as novas conquistas em troca de ajuda aos cruzados,
bem como autorização para utilizar seus domínios e
permitir a passagem dos cruzados que então formavam
um exército de 25.000 soldados a pé e mais 4.000
cavaleiros.
1097, na primavera, fins de Abril até junho os cruzados e os bizantinos
lutam e retomam Niceia, cidade próxima a
Constantinopla. Aleixo I, filho e sucessor do
imperador negocia a rendição com os turcos
desconsiderando os cruzados. Instala-se um clima de
animosidade entre eles. O exército dos barões abandona Constantinopla
e passa
para a Ásia Menor.
Em maio a cidade fenícia de Tiro, no Líbano, cai nas mãos dos Fatimidas do Egipto.
Os fatimidas já dominavam parte do Egito inclusive
Cairo desde 969. Eram uma dinastia de xiitas
ismaelitas constituída por 14 califas.
1097, 1 de Julho. Vitória franca contra o sultão turco de Iconium (Konya),
em Dorileia.
1097, 13 de Setembro. Os cruzados dividem o exército em dois forças em
Heracleia.
1097, 20 de Outubro. Chegada dos cruzados a Antioquia, e começo do cerco.
1097, 15 de Novembro. Balduíno de Bolonha abandona o campo dos cruzados e
toma a direcção de Edessa, devido ao pedido de apoio do príncipe arménio da
cidade.
1098, Fevereiro. Os Bizantinos abandonam o cerco de Antioquia. Balduíno
chega a Edessa.
1098, Março. Balduíno de Bolonha proclama-se príncipe de Edessa, após a
morte de Thoros, príncipe arménio, que lhe tinha pedido ajuda e o tinha
adoptado. Funda assim o primeiro Estado Latino do Oriente.
1098, 3 de Junho. Tomada de Antioquia pelos Cruzados. Boemundo I de Tarento,
chefe dos normandos da Itália meridional, recusa devolvê-la aos bizantinos e
proclama-se príncipe de Antioquia.
1098, 4 de Junho. Os cruzados são cercados em Antioquia por um exército de
socorro, comandado por Kerbogha, enviado pelo Sultanato seljúcida da Pérsia.
1098, 14 de Junho. Pedro Bartolomeu descobre a Santa Lança debaixo das lajes
de uma igreja de Antioquia.
1098, 28 de Junho. Os cruzados de Antioquia derrotam as forças sitiantes
muçulmanas.
1098, 26 de Agosto. Os Fatimidas ocupam Jerusalém.
1098,12 de Dezembro. Os cruzados apoderam-se de Maarat An Noman, na Siria. A
população é massacrada e a cidade destruída.
1099, 13 de Janeiro. Os Francos retomam a sua marcha para Jerusalém.
1099, 2 de Fevereiro. O exército passa por Qal'at-al-Hosn, o futuro Krak dos
Cavaleiros.
1099, 7 de Junho. O exército franco chega a Jerusalém.
1099, 13 de Junho. Primeiro assalto à cidade, sem qualquer preparação
prévia, que falha.
1099, 10 de Julho. Assalto a Jerusalém. A muralha circundante é atravessada.
1099, 15 de Julho. Conquista de Jerusalém pelos cruzados. Massacre da
população muçulmana e judia.
1099, 12 de Agosto. Os Francos derrotam os Egípcios em Ascalon, na costa
mediterrânica, a norte de Gaza.
1099, 22 de Julho. Eleito rei de Jerusalém pelos barões, Godofredo de Bulhão
só aceita o título de defensor do Santo Sepulcro.
1099, 1 de Agosto. Arnoul Malecorne, patriarca de Jerusalém. É substituído
em 31 de Dezembro por Daimbert, bispo de Pisa, legado do papa.
1100. Acordo comercial entre Veneza e o Reino Franco de Jerusalém.
1100, 18 de Julho. Morte de Godofredo de Bulhão. Balduíno de Bolonha, irmão
de Godofredo, príncipe de Edessa, é coroado primeiro rei de Jerusalém em
Belém, no dia 25 de Dezembro.
1100-1101. Cruzadas de socorro. Cruzada lombarda (1) dirigida pelo arcebispo
de Milão, Anselmo du Buis, Raimundo de Saint-Gilles, Estêvão-Henrique, conde
de Blois, Estêvão, conde da Borgonha e o primeiro oficial do Santo Sepulcro,
Conrado. Cruzadas de Nevers (2) e da Aquitânia (3). Nenhuma delas consegue
atravessar a Ásia Menor, sendo sucessivamente vencidas por uma coligação dos
diferentes potentados turcos da Anatólia.
1101, Março. Tancredo de Hauteville, um dos chefes da primeira Cruzada,
abandona Jerusalém regressando ao Ocidente por Antioquia.
1101, 17 de Maio. Os Francos tomam Cesareia.
1102. Raimundo de Saint-Gilles toma Tortosa.
- Vitória de Balduíno em Ramla.
1103. Início do cerco de Trípoli pelos Francos.
1104, 7 de Maio. Derrota dos Francos em Harran: Balduíno du Bourg é feito
prisioneiro. Paragem do avanço da Cruzada na Mesopotâmia, que se dirigia
para Mossoul, no rio Tigre.
1104, 26 de Maio. Os cruzados tomam Acre com a ajuda de uma esquadra
genovesa.
1105, 28 de Fevereiro. Raimundo de Saint-Gilles morre em Mont-Pèlerin,
durante o cerco de Trípoli. É sucedido por Bertrand de Saint-Gilles.
1105-1113. Os «Assassinos» redobram de actividade.
1108. Conflito entre Tancredo e Balduíno du Bourg a propósito da restituição
de Antioquia a este último.
1109, Julho. Trípoli cai na mão dos Francos. O conde Bertrand conquista
finalmente a cidade de que é titular.
1110. Conquista do Castelo Branco (Safita) e do Krak dos Cavaleiros.
1111. Mawdud, emir ortoqida de Mossul, ataca os Francos, e massacra a
população de Edessa quando esta se dirigia para a margem ocidental do rio
Eufrates.
1113. Bula do papa Pascoal II reconhecendo oficialmente a ordem do Hospital
de São João de Jerusalém.
1115. Conquista pelos francos do castelo de Shawbak (Montréal), a sul do Mar
Morto.
1118. Morte do imperador Aleixo Comneno; a sua filha Ana começa a redacção
da Alexíada.
1118, Abril. Morte de Balduíno I; sucede-lhe Balduíno du Bourg.
1119. Batalha de «Ager sanguinis» (do campo de sangue). O emir el Ghazi, de
Diyarbakir aniquila o exército franco de Antioquia, pertp de Atareb.
1119-1120. Nove cavaleiros ocidentais fundam, em Jerusalém, a Milícia dos
Pobres Cavaleiros de Cristo (Futura Ordem do Templo).
1123, 29 de Maio. Os Egípcios são derrotados em Ibelin pelo primeiro oficial
do rei, Eustáquio Garnier, regente do reino durante o cativeiro de Balduíno
II.
1124, 7 de Julho. Tomada de Tiro pelos cruzados.
1129, Janeiro. Concílio de Troyes: a Ordem do Templo é oficialmente
reconhecida pelo papa Honório III.
1129, 18 de Junho. Zinki instala-se em Alepo; faz apelo à Jihad contra os
Francos.
1131, 14 de Setembro. Morte de Balduíno II; Foulques V, de Anjou, rei de
Jerusalém.
1135. O Hospital de São João de Jerusalém transforma-se em ordem militar.
1142. O Krak dos Cavaleiros é cedido aos Hospitalários de São João.
1143, 25 de Dezembro. Zinki, atabaque de Alepo e de Mossul, toma Edessa.
04.07.1187 - "Batalha de Hattin" - O Sultão Saladino retoma Jerusalém.
É a
derrota dos Cruzados.
1229 - É assinado uma trégua
encerrando-se a 6ª Cruzada.
1239 - Uma expedição militar cristã,
com poucos homens e poucos recursos, liderados por Ricardo de Cornualha e
Teobaldo IV de Champanhe, encaminham-se a Jerusalém para reforçar a presença
cristã no local. Um novo conflito se estabelece. Em 13.11.1239 os cruzados
são derrotados em Gaza.
1244 - Jerusalém cai dominada pelos
turcos muçulmanos "Kharezmianos". Em 23.08.1244 com a tomada definitiva da
cidade acontece a pilhagem do Santo Sepulcro.
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